domingo, 21 de outubro de 2012

RAP DELICADO

SE  SOU NEGA CRIOLINA MEU CABELO É RELAXADO
SE  SOU LOIRA, SOU MENINA, MEU CABELO É MAL CORTADO
SE  SOU EU APENAS, MINA, MEU CABELO É LEÃOZADO
DIZ:
EU QUERIA FAZER UMA DIAGONAL QUADRADO
COISA SEM LÓGICA SIM, SEM LADO
DAÍ EU FAÇO ASSIM ESTE RAP DELICADO
EU NEM SOU DO RAP MAS O RAP TÁ DO MEU LADO
ELE BROTA  AQUI NO MEU FALAR RIMADO
E EU GOSTO DE RIMA PORQUE RIMAR É DESCOLADO
COLOQUEI MUITA COISA EM CIMA E JOGUEI PAPO FURADO
QUERO QUE VOCÊ SAIBA QUE VOU DAR O MEU RECADO
E QUE TUDO SAI EM CIMA DO QUE VEM BARATINADO
EU NÃO CURTO BARATINA NEM CURTO MAL CUIDADO
SE  SOU NEGA CRIOLINA MEU CABELO É RELAXADO
SE  SOU LOIRA, SOU MENINA, MEU CABELO É MAL CORTADO
SE  SOU EU APENAS, MINA, MEU CABELO É LEÃOZADO
MAS VOLTANDO LÁ EM CIMA EU VOU DAR O MEU RECADO
ESTE RAP VEM DISPOSTO E POSTO VEM CANTADO
VEM CANTANDO DIFERENTE O QUE SEMPRE FOI BUSCADO
SE ACHEI QUE FOSSE GENTE ACHEI O  BEM ACHADO
E SE ACHEI, ACHEI DESCENTE,  ACHADO NÃO É ROUBADO
ABRE A PORTA LÁ EM CIMA E  ESCUTA O QUE VEM DIGITADO
QUERO TE DAR UM PRESENTE, MAS O PRESENTE ME VEM DADO:
A MÚSICA NASCE DIFERENTE É UM NOVO BORDADO
BORDEI LUA EM CARTOLINA, BORDEI MAR EMOLDURADO
TÔ FALANDO, AI MENINA, QUE  NÃO TEM NADA EMBOLADO
SÓ POR RESPEITO E CRIA DE UM FALAR ALUCINADO
EU DIGO QUE VOCÊ DE PRESENTE VAI GANHAR UM BOM OLHADO
 DESTE RAP INICIANTE, DESTE RAP DELICADO
®leoniaoliveira

OS DOIS HOMENS

os dois homens,
olhos nus,
segue a flecha meu herói
deixa que a floresta se encarregue
de tudo que não possa ser
feliz pra nós.
os dois homens,
de azuis,
ternos feitos num palanque
 e eis que chega aquela que será
ela
e somente ela
com seus diamantes.
os dois homens,
olhos blues,
seguem ternos diamantes
seguem aquela que os seduz
e compartilham este instante.

®leoniaoliveira

EXÍLIO

(para C. VilasBoas)

é como se ainda existisse o exílio
e fosse tirado tudo de mim
é como se eu levasse o tiro
Que foi destinado ao martim.

e o mundo não se importasse com nada,
e não existissem direitos humanos
a tua ausência é a porta fechada
no frio calabouço de amores insanos

é como se ainda existisse o martírio
e fosse acoplado o suplicio em mim
é como se’u fosse o destino de um filho
que não vingou por não ser ruim

e o mundo não se envergonhasse de nada
e não houvesse comoção mundial
a tua ausência é a dor enjaulada
da fera que se assusta no próprio quintal

e o mundo me quisesse mundana
e eu fosse santa, um pagão sem igual
lutando contra uma força tirana
 que mancha meus verdes olhos tachados em jornal


é como se existem negreiros ainda
ferrolhos de pedra humilhando uma irmã
e eu fosse a tarde que finda,
num cruel labirinto de alma malçã

e o mundo não se importasse com nada
e não existissem mais que cores vãs
a anistia fosse não inventada
um tempo de achar doido qualquer coisa sã.

é como se ainda existisse o exílio
e fosse tirado tudo de mim
é como se eu recebesse o tiro
que foi destinado a qualquer querubim.

e o mundo não se importasse com nada
e não existissem direitos humanos
a tua ausência me fosse apunhalada
e não existissem resgates, médicos ou panos
e o mundo não se importasse com nada
e não existisse desejos cristãos
e o mundo não fosse mais que uma parada
um auto-exílio em forma de solidão.
®leoniaoliveira

(all right reserved in ASTROLÁBIO - SONG LYRICS)
(esta música foi publicada  como poema no livro Poemas Mínimos)