sábado, 2 de fevereiro de 2008

PASSO A PASSO

Olha lá vou eu

Meu coração me segue

E passo os carros

E passo as ruas

Meu coração consegue.

Ainda respiro o ar

Que havia ao teu lado

E toda a influência

Rezo ainda para que me

Perdoem pelos teus pecados.

Um super-herói voador

Na maioria das vezes

Compromete seu coração

E sabe dizer não,

Vive todos os dias dos meses.

Olha lá vou eu

Sem ser mulher maravilha,

Sem ser nem mãe, nem filha,

Correndo através das ruas

Quem sabe até chegar à tua rua

Um caminho que me leve nua

®leoniaoliveira

CANTIGA BRASILEIRA


Canta que a noite não é tão escura

A ponto de errares a letra.

Me pões a perder

Quando estamos sós.

Há luz manchando teu corpo

E a revolta da lua

Me perco enquanto somos nós.

Canta que a greve da voz

É menos feroz do que

A guerra na América Central.

É preciso que uma flor brote

No coração da selva.

Meu amor, anda tudo

Esperando o bote do amanhã.

Me pões a perder nesse afã.

Canta, enche os meus ouvidos,

Meu umbigo, minha garganta.

Quero estar junto contigo no caminho

Mesmo que erres.

E subir a serra, descer a ladeira,

Machucar o pé na Terra.

Me pões a perder numa cantiga brasileira.

Há quem diga que a paz não vai durar

Mais um mês.

Daqui a pouco talvez estaremos separados.

Canta sobre a rua lapidada de políticos,

De propaganda sem ideal.

Me pões a perder

Ainda há tempo no jornal

Pra se esconder.

Canta que’u permaneço no perigo caçando teu rival

Só pra te escutar.

Canta, canta, ensina-me o que é cantar!











®leoniaoliveira

DÁDIVA


Na sombra desse vilarejo mora um rio.

Na sombra de meu coração mora o vazio.

E eu vou rolando como os seixos.

Não, não posso falar com você

Toda a dúvida desse rio,

Toda a dívida desse coração.


Na sombra desse rio mora a dádiva

Na sombra do meu desejo o perdão

Percorro a dimensão dos seus segredos

Não entendo, nada sei, nada percebo,

Fustigo o meu coração.

®leoniaoliveira

SEREIA E SOL

Misto assim de sereia e sol

Como se fora a força, a forca

E o anzol.

E eu também

Como se fora assim, o eclipse

E eu a lua

E eu o sol

E eu e eu e eu

Não posso dizer, e não calo

A mão em minha mão

E minha boca pedindo.

E minha boca pedindo.

Muito assim de quase beleza,

Quase beijo, quase jardim

Sofri o eclipse

Sob o eclipse

A noite não vale

As imagens não valem

E ela é assim

Misto de qualquer desejo

Que já conheceu o espírito meu.


®leoniaoliveira


NÃO

Não faço sonetos

E nem teoremas,

Não faço duetos,

Tão pouco poemas.

Pra você não faço nada

Que vale a pena.

Não, não devemos chorar.

Não, não devemos amar.

Não, não devemos olhar

Nos olhos que estão

A procura dos olhos que estão.

Não sou astronauta

E já não corro mais

Não faço muita falta

Você faz bem mais

Você faz bem mais você.

Não, não devemos chegar.

Não, não devemos tocar.

Não, é possível estragar

Com as nossas mãos as mãos

Que procuram as mãos que procuram.

Não, não astronauta

E nem teorema

Não faço muita falta

Tão pouco, poemas.

Pra você não faço mais

Nada que vale a pena.

Não.

®leoniaoliveira

NÃO DESEJO TE AMAR







Não desejo te amar, percorrer teus desejos

Saber de cor da tua cor, dos teus beijos

Deixar pra você o governo de mim.

Não quero chorar todas as mesmas penas

Destemperar meu instinto, perder-me em serena

E quando der conta

Perder a conta de mim.

Nós somos tão diferentes

Não desejo este amor tão latente

Que intermitente vem me adoecer.

Não quero te dar o prazer

De ver os meus olhos te aborrecer

Tornar-me menina, brincar no teu corpo e adormecer.

Sei lá o que eu posso fazer

Para enganar minha boca e meu ventre

Minhas coxas doendo de querer te reter.

Não quero te amar outra vez,

Sonhar de mãos dadas, construir um caminho

Para não dar em nada.

Sofrer teu carinho

Não desejo te amar, percorrer os teus beijos

Saber da tua cor, decifrar teus desejos

Não quero deixar pra você o governo de mim.


®leoniaoliveira

PRA NÃO MORRER MATOU

Pra não morrer matou,

Para não ser comido comeu,

Pra não dormir sonhou

Acordado e depois nasceu

De mim. Meu bem,

Que fim contigo se deu,

Se não foi Deus nem o outro

Que te carregou?

Mas onde quer que estejas

Por favor não te intrometas

Com quem não te chamou.

Meu bem, como é que pode ser assim?

Não sei. O que foi que te deu,

Que te deu, que te deu, que te deu?

Que fim levaste

Que não era chinfrim e te abortaste?

E que ainda me evitas como me evitaste.

A casa era bonita, mas tu desmoronaste.

Se’u chegar perto de ti um dia,

Lembra da nossa folia,

Que a chuva impura molhou.

E enquanto dura a fantasia

Faz de conta que não passou de agonia

O amor que com a chuva secou!

®leoniaoliveira

NÃO CHEGASSE PERTO NÃO

Se fosse pra me ferir

Não chegasse perto não.

Se fosse pra magoar

Não chegasse perto não.

Se era só me usar

Era só pedir

Ao menos me deixava prevenir o coração.

Mas não, mas não

Parece que você gosta imensamente

De me ver sofrer

Parece que você paga os seus pecados

Com o meu padecer.

Seus pecados não se estampam no seu rosto

Seu Deus francês não lhe incomoda no seu posto

Tecido inglês, chauton, freguês, Satre!

Amar? Talvez. Uísque, escocês, pra que?

Se fosse pra escravizar

Tivesse mais compaixão

Se fosse pra me iludir

Tivesse mais compaixão

Se era só pra se divertir

Era só sorrir

Ao menos me deixava prevenir o coração

®leoniaoliveira