quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

MEL

fui eu quem cruzou o rio,
a ponte sobre o lilás.
e, se acaso o acaso é vazio,
vazio o infinito está.
e se das margens desta ilha
surgisse algum cão
numa armadilha,
sua mordida matará.
acaso fostes mel, fostes doçura?
e eu me encontro em ventania
nos arredores do pudor
que me achega.
e não sei
se tomo o trem-bala,
derrubo o rei
e a realeza.
A meu coração gentil,
Fidelíssimo, imagem e ação,
Uma princesa,
qualquer confeite
bastará.
e as leis da física
que me constroem
se tornam
impuras
para existir
distante ali
em megabytes.
e temo, como um leão,
que se repita
qualquer tristeza.


®leoniaoliveira

NO MEIO DA CORAGEM

Deixa os olhos teus no meu rosto
Gosto de ser moça,
Gosto de atravessar
Bonita pelas avenidas,
Pelas atrevidas do teu olhar.
Ah! a noite deixou meus cabelos mais calmos
E um disco voador
E um disco voador
Pediu permissão para pousar.
Era metade da viagem eu te disse:
A noite não vai nos perdoar.
Gosto de ser moça
E ainda sou muito jovem
Pra morrer de amor.
Quase meia-noite, já soa o novo dia.
E o disco voador na noite,
Na nossa viagem,
Na nossa coragem,
Nos cabelos pretos que a noite tem para eu tocar.
Gosto de ser moça,
De te desejar
No meio da viagem,
No meio da coragem...
Já soa meia-noite e o disco voador
Me chama pra voltar
.

®leôniaoliveira

sábado, 15 de dezembro de 2007

DÊ & DINHA

Sou derradeira flor,
A derradeira irmã,
O derradeiro amor
Que ocorre na manhã.
E peço, por favor,
E vivo neste afã
De alimentar o rancor
Que ocorrerá amanhã.
O derradeiro ator,
O fio do fim do clã.
Por que é
Que o amor não foi perfeito?
Se o alimentei no meu peito,
Se o abriguei no meu leito
Se o guardei com tal jeito.

Sou a primeira ilha,
A primeira refém,
A primeira escotilha
A naufragar no seu bem.
Sou sua primeira filha,
Muito mais do que um alguém
Que montou a armadilha
E caiu do próprio trem.
A primeira trilha
Que vai de mim ao meu além.
Por que é
Que o amor não toma jeito?
Já nem mais o quero no peito.
Você dormiu e eu cresci no nosso leito,

Você mentiu e eu quero um mundo perfeito


®leoniaoliveira

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

VOCÊ DIZ

Você diz, eu acredito
Desafeto, me demito
Mesmo teto, mesmo grito
Predileto, favorito
Você chora, eu acalento
Me adora, te atento
Me devora, te fomento
Me ‘estora’ meu ungüento
Você samba, eu contradanço
Botequins, nunca canso
Bairros chins, loucos mansos,
Borzeguins, poucos ganchos.
Você acha, avalio
Acha graça, desconfio
Me engraxa, me afio
De borracha nosso ‘fio’.

Depois você diz
Que me levará a Paris
Que me tingirá com anis
Que me exporá nos Brazis

Meio-dia eu acordo
Você dorme eu te mordo
Me confia nosso acordo
Você some pinto e bordo.
Chega cedo eu te embalo
Perde o jogo, bato o carro.
Tem teu dedo em meu estalo
Tem teu fogo em meu cigarro.
Você estuda, eu aprendo
Você conserta, eu construo
Você ajuda, eu atuo
Você acerta, eu remendo.
Outro dia eu levanto
Outra hora eu te conto
Cantoria eu te canto
E agora eu desmonto.

Depois você diz,
Teu nome nos céus dos Brasis,
Um homem dos mais gentis,
Que nunca será tão feliz.


®leoniaoliveira

SEM FIM



O mar sem fim
Me acena ainda
E eu que de olhar não sei
Não sei se em mim se finda
Se em mim ainda
Existe o mar ou era uma vez....
O mar sem finda
Está mais linda
Está mais linda
A canção do japonês
E eu que de olhar
Aceno ainda
O mar que se finda
O mar que ainda é português.
®leoniaoliveira/gracolima

PLUMAGENS (AMOR HUMILDE)


Eles vão se amar humildemente
E tão contentes um com o outro
Vão ficar.
Vão se tocar tão meigamente
Que de carentes abastados
Vão ficar.
Um corpo vertendo as plumagens
Na linha férrea das suas tramas
Um amor, esta pilhagem,
Um diz que foi, diz que é, diz que ama.
Eles vão se amar humildemente
Sem meia-luz, meio fox,
Meio tom.
Quando suas mãos...
Um dirá: então?
E um outro olho, então,
Então.
Vão arrepiar suas plumagens
E acariciar este aconchego
Como só sabem os que encontram a paz.
®leoniaoliveira

MEU AMANTE

Meu amante
Possui os dedos que possuí antes.
E me possui mesmo distante
E me beija delirante
Com a boca ardente de um amante
De um ideal sem fim.
Meu amante
Carrega um coração que possui asas e um vou rasante
Para pousar no meu quintal.
E ele chega como eu cheguei,
Inquietante,
E é tímido como um rei ou um farsante
E é gritante seu sapato e seu cabelo.
Ele é um gigante,
Como eu creio ser
Quando amante.

®leoniaoliveira/gracolima

CHEGA DE PAPO


Fora tudo que’u tenho que aprender
Ainda há o sexo que tenho que perder
E a claridade que não sobrou
No meu prato de morta de fome por luz.
Conduzi as ilhas aos continentes
Não fiz por mal as tentativas
Tentei te livrar das boas companhias
E depois de morta me ataquei mais viva.
Fora o sangue que’u tenho que vender
Ainda há o sangue que’u tenho que ganhar
E contaminar a dor de procurar
Abrir trincheiras na tua música
Te conquistar outra musa
Tomar banho e dormir
®leoniaoliveira

BANGÊ


Chega à tarde
Me traz bombom,
Tão bom, tão bom.
De manhã
Me faz café,
Tem fé, tem fé
No meu talento
E me perdoa o esquecimento
Quando não digo o quanto a amo
E chamo, e chamo.
Chega à tarde
Ela me faz carinho,
Benzinho, benzinho.
De manhã,
Onde deixei minha vida?
Querida, querida.
Onde deixei meus pedaços?
Procura que’u nunca acho.
Pareço nó na madeira.
Besteira, besteira.
Tem dia
Que esquece meu nome,
Me come, me come
Em outros
Se esquece em meus braços
De aço, de aço.
E é sempre tão menina
Tão bronze, tão divina
Perdoa o que’u nunca faço
Diacho, diacho.
De manha, querida,
Onde esqueci minha vida?
Me ajuda que’u nunca acho.
Apaga meu facho.
Tem fé no meu talento
E me perdoa o esquecimento....
®leoniaoliveira

VIAGEM

Havia Marylins Monroes e toda gana de Fords,
I Love New York teu vidro dizia
Teu cheiro lembrava James Dean
Que eu nunca vi e você me falava
Que eu já vivi.
Teu relógio certeiro cortou minha lágrima
Teu lenço em meu cabelo não deixou de sorrir
E toda Chicago que havia em teu quarto
Você pôs aos meus pés e pediu
Pr’eu não ir.
Você fez a cama e o jantar
Quebrei teu espelho no meu dedo
Você limpou meu azar.
Sofia Loren também estava presente
Le Homme, La Femme ensinava pra gente:
O neoromantismo acabou por ficar.
Só tenho pena do tango que’u massacrei ao dançar.
Áfricas de ousadias nos navios pendentes
Negro aflorava teu beijo mais quente
Afrontando meus lábios e eu pude sorrir.
Qualquer affair, qualquer delícia
Alan Delon pode copiar teu cabelo
E era meu o vestido vermelho
Que cheirou tuas mãos antes de mim.
Havia qualquer condimento asiático
O filme no vídeo era muito mais rápido
E teus olhos eram os meus
Que olhavam pra mim.
A primeira lágrima no momento foi tua
E estava tão perto que’u bebi.
Havia um blues, uma coca em lata
A saudade do que a gente não conhecia
Nos ensinou a refletir.
Teu relógio certeiro cortou min há lágrima
Teu lenço no meu cabelo não deixou de sorrir
E toda Chicago que havia em teu quarto
Você pôs aos meus pés
E pediu pre’u não ir.

®leoniaoliveira

ROSTO DO AVESSO

Sou teu ego descuidado
Aquela coisa que você deixou de lado
E maltratou todo o Jazz que’u tinha
Dentro de mim.
Sou teu rosto do avesso
Me vendi pelo teu preço
E o nosso amor a gente fez
Nas noites que não estava a fim.
A fim!
A fim de dizer teu nome nas horas
E que a minha desculpa é a tua demora
E que no meu manifesto não pus o teu nome
Dizer que’u não presto só vai te fazer morrer de fome.
Você sacrificou o sax que trazia
Aquela inseticídia melancolia
Que’u sabia não ser minha.
Você me ditou o regime
E me deixou no cenário do crime
Na cena sozinha
Eu rezava por mim.
Na ribeira dos prédios teu tédio devora
Dizer qualquer coisa, menos agora
Em que sou teu cadáver e te faço besteira
Você não tem CPF e eu perdi a carteira.
Só teu rosto machucando minha flor
Pode ver por qual entrada se tange a dor
Copiei tua jogada e quebrei a cara
Porque você já tinha perdido o gol.
Perdido o gol! O gol! O gol!
Sou teu elo perdido nas noites insoantes
Ímpeto pessoal de total amante
Brilho sem dedo e rosto colado
Você se descuidou e eu paguei teu pecado.
Mas não chega, não basta, há devoradores no mundo
E todo teu tempo é meu terceiro segundo
Defumei o quarto, não cheirei teu perfume
Vou morrer na farra, você de ciúmes.
Mas não estou afim!
Afim de dizer qualquer coisa de volta
Meu coração inculto só estudou a revolta
Inspecionei teu desejo, travesseiros e barbeador
Meu gesto deixado há de ser tua dor.
Mas não estou afim!
®leoniaoliveira

ON LINE

Eu não conheço seu cheiro,
Não sei a marca do tênis que você usa.
Se há ursos no seu travesseiro,
Ou qual a cor da sua blusa.
Não conheço seu sorriso,
A cor que ele tem.
Se está seguro onde piso,
Se você vem junto também.
Mas sei que o céu ficou azul
E existem outdoors a te proclamar
Jazz, samba, blues...
Faço qualquer coisa pra poder falar
Quantos mil anos eu levei
Pra te encontrar
Quero que o meu caminho encontre o seu
E daí não vai ter desculpa pra se afastar
Meu coração jurou, ele me prometeu,
Que faltava muito pouco pra te achar.
Você diz que estou te deixando sem palavras
E eu digo que você está me enchendo de poesia
E eu não conheço seu cheiro,
Não sei a marca do tênis que você usa

®leoniaoliveira

AMOR GENTIL

Eu só quero o amor gentil
De um homem forte.
Um amor de família,
De filhos e filhas
E, com um pouco de sorte,
Que’le seja dentista e eu doutora,
Quem sabe analista e eu professora,
Pode ser motorista e eu corretora,
Quem sabe até futurista e eu sonhadora.
Eu só quero o amor sublime
De um homem são.
De noites, de lareiras,
Pipocas, frigideiras,
Tudo tão bom.
Pode ser professor e eu engenheira.
Aquela coisa de casa-calor, fogão-geladeira.
Mas eu só quero o amor suave
De um homem calmo,
De me ouvir e falar devagar,
De sorrir e d’um jeito gostoso de amar.
Eu quero o amor sublime
Que só pode dar um homem forte,
Que entenda o que é ser pai
E que governe comigo.
Que me fale por sinais
E me livre dos perigos.
Um amor assim gentil
De um homem bom,
Que me leia nos olhos que eu uso
Pra ler os seus olhos.
Um amor de famílias,
De filhos e filhas
E de tudo que é bom.

®leoniaoliveira

CERTAMENTE

Espera, minha linda,
Na curva da entremanhã.
Espera ainda que a lua
Se declare minha irmã
E te ponha a correr com
O sol nas ventas.
Espera por mim,
Tem dó, me agüenta.
Eu sou a fruta madura
Que nasce de ti.
Eu sou a pura não pura
Apura o doce de ti.
Este verde maduro,
Este sol intermundial.
Sou um claro no escuro,
Uma pedra no quintal.
Espera, meu anjo,
Que’u vou me chegar,
Apareço de banjo e canto
Uma cantiga de ninar.
Teus olhos, então, feito as portas do mundo
Me abrirão.
Teu sorriso me sorve,
Teu amor me dissolve,
Eu nasço em qualquer estação.
Basta o trem parar que me devolvo.
Espera, vou madurar na palma da tua mão.
Eu sou a fruta madura
Que nasce de ti.
Eu sou a pura não pura,
Apura o doce de ti.
Teu sorriso me sorve,
Teu amor me dissolve,
Eu nasço em qualquer estação.
Basta o trem parar que me devolvo.
Espera, vou madurar na palma da tua mão.

®leoniaoliveira

AMARRAS

Eu sou como a praia
As coisas que’le traz
As coisas que’le traz
Ele é meu mar
Vem pra me levar
Vem me naufragar
E quando ele não chega
E quando não se deita
E quando me rejeita
É feito um mar sem dono,
Monstro do abandono.
Mas quando se revolta
É quando me deleita
É ver minha colheita
De todas as flores do mar.
Eu sou como a praia
Pra ele deslizar
Rochedos perigosos
Pra ele naufragar.
No meu corpo ser tragado.
Quando se aconchega
E vem dar na minha praia
É feito um mar cansado
Mas sou jovem marinheira afoita a navegar.
Cumpra apenas seu papel de mar:
Embora manso, um mar domado,
Ainda acho aventuras, mapas rabiscados
Pra eu me arriscar.
Eu sou como a praia,
Ele é meu mar...
As coisas que ele traz

®leoniaoliveira

VENDAVAL

Cavalgado Cabelun
Subia a serra,
Trazia no lombo um
Passo de guerra.
E a cidade ficava lá,
Dois metros depois do Deus dará.
Protegida das torres da igreja
Que zombavam de Cabelun
Por seu despudor,
Invadir a cidade de cereja
Um herege, um algum
Servo do tentador.
E veio o vento que veio,
Calar a boca do sino,
Meteu o pé no esteio
Desconjurou menina e menino.
Deixou a cidade de perna pra cima,
Campeando a saia a lhe sair do ventre.
Cabelun roçou a vida,
Fez chacina comeu os olhos
De azul descrente.
E foram homens rodando,
Azulejos, supositórios, despostórios,
Leis, legisladores e maravilhas
Eletrônicas roubadas.
Só ficou a torre de cimento
A proteger os desditos,
Cumprindo o juramento que fez c’o Santo Bendito
Umas rimas e poemas loucos,
Se espalharam ao vento,
Gritando que era pouco
Deixassem o mundo ao relento.
Estrebuchando Cabelun
Fugiu de vista,
Deixando cheiro de algum
Sonho egoísta,
Arrotou bravatas nas gravatas,
Nos escritórios modernos,
Arrastou dinheiro dos bueiros
Em casas de ternos.
Somente a torre esquecida,
Na cidade qualquer do mundo,
Lambia o sangue das feridas
Com seu suspiro profundo!

®leoniaoliveira

RIVAIS

As rivais do amor
São as estrelas,
Gaivotais e tais
E são as rivais
De quaisquer rivais.
Os inimigos do amor
São os milharais,
Grãos,
De mares e quasares
E os tais
Também são rivais
Da solidão.

®leoniaoliveira/gracolima

O AMOR ABRE SUAS ASAS

O amor abre suas asas
Quer luz, espera chegar.
Caminha entre caminhos
Canto pra gente cantar.
Luz, remessa em comportas,
E ademais ao amor não cabe esperar
E, se acaso, como eu, tem tanta certeza,
Sou eu quem chama e põem a mesa
O amor fez sua cama
Veio querendo ficar,
Perambulou pela porta,
Bateu deixei entrar.
E o encanto que trouxe sozinho
Fez-me entender o caminho
Que faz de ti
Que vai de ti
Que faz de ti
A luz e o luar.

®leoniaoliveira/gracolima

DE RESTO, MARIA

‘Tá indo esse moço, Maria,
Dizer que’u te amo.
Eu bem que queria
Falar com você, dizer cara a cara
Que ainda te amo.
Mas não posso, Maria,
Olha o tempo passando.
Não pergunte, Maria,
Se ele me viu chorando.
‘Tá indo esse moço, Maria,
Dizer que ainda ‘tô vivo,
Que as noites são frias, as matas são frias,
As horas são frias e eu sobrevivo.
Queria poder mandar, Maria,
Algo de bom pra você
Meu coração não podia
Ficar assim sem você.
‘Tô com tanta saudade
Dos teus olhos, Maria,
Como eu preciso te ver!
Mas olha, Maria,
É só pra te lembrar que’u te amo.
As noites são frias, as luas são frias
E eu te reclamo.
Olha o tempo, Maria,
Me passando pra trás,
As noites, as horas, os dias,
‘Tá indo aí o rapaz.
‘Tô com os olhos perdidos, Maria,
Você precisa saber.
‘Tô me sentido ferido, Maria,
Você precisa me ver.
‘Tô querendo dizer que te amo,
Ah, como eu preciso dizer!
‘Tô com os olhos nas estrelas, Maria,
Mas não tô vendo você.

®leoniaoliveira

BANQUETE

Respeitável senhor,
Devo lhe dizer agora,
Acabei de comer, com ketchup,
Sua respeitável senhora.
O banquete foi lindo
Digno de vossa nobreza
E com apetite infindo
Devorei sua inquestionável princesa.
Ao som da opereta
Na vulva molhadinha bebi champagne
E que saborosa buceta
Saboreei de sua induvidável madame.
Da boca carnuda
Retirei o filet mignon,
Temperando com toque de arruda,
Usando de seu petit baton.
Com educação de viúva
Deixou-me canibalar-me nela.
Fiz o Porto com esta uva,
Sua incomparável donzela.
Digo-lhe com todo respeito,
Pois seu grande pedido,
Enquanto lhe mordia os peitos,
Fez-me jurar que contaria ao marido.
Respeitável senhor,
Permita-me ir embora,
Deixei ao ventilador
As coxas de sua respeitável senhora.
E seria um horror
Fazer-me esperar tão respeitável dama,
Pois pode estragar o calor
O manjar que ainda está na cama.
Fiz de entrada os cabelos
E as ancas misturei com farinha,
Palitei-me com os pentelhos
De sua inenarrável rainha.
Não seria educado
De minha parte não lamber-lhe os joelhos
Ou chupar, com todo cuidado,
Cada carretel de seu lombo vermelho.
De sobremesa o tutano
Das suas vigorosas coxas duras,
Com delicadeza o ânus
De sua honorável pura.
E assim eu lhe digo
Que, gemendo fez-me o pedido,
Enquanto lhe untava o umbigo,
Que eu informasse ao marido.
Que eu informasse ao bandido
Que eu entregasse ao marido
Que eu entregasse ao bandido....

®leoniaoliveira

CEREJA

Vou compor uma cereja,
Fruto de igual teor,
Beleza.
Meu anexim
Tem um dito programado
E é bendito
Todo amor em que acredito.

Às vezes penso que você
Todo dia pensa em mim

Às vezes penso que você
Todo dia pensa em mim

®leoniaoliveira/gracolima

A NOITE FOI PEGA PRA CRIAR

A noite foi pega pra criar
A noite toda
A noite vai nos precisar
Uma noite toda.
Olha essa viagem
Olha teu paletó
Deixei minha bagagem
E um gosto de abricó
No meio da noite
A noite também
Dirá amém
Direi amém
Serei também
O teu neném
À noite.
Olha por esse amor,
Rega esse amor
De vez em quando.
Aguarda a noite passar,
Aguarda a noite chegar.
E quando a noite aguardar
Espera a noite acabar.
Pensa que a noite tem
Medo da noite que vem
E vai fingir seu desdém
Fazendo que não vai passar.
A noite foi pega pra criar.
Olha essa viagem
Olha o nosso amor
Olha essa vertigem
Olhar de fiador.
Pensa que a noite não tem
Como encarar o seu bem
E vai demorar
E vai não passar
E vai nos criar.

®leoniaoliveira